Sleep Tales: o selo brasileiro de lo-fi focado em música para dormir

Sabe o Daniel Sander? Sim… aquele cara maneiro, boa praça, que apresenta o programa Mundo Independente – o espaço do rock underground na web aqui na Rádio. Pois é, já há algum tempo ele vem produzindo suas músicas em um novo gênero: o Lo-Fi Hip Hop. Já ouviu falar? É o tipo de música relaxante, que as pessoas ouvem para embalar o sono, meditar, tranquilizar o espírito ou mesmo pra focar no trabalho com um fundo musical leve e inspirador.

Então, sob o nome colours in the dark, Daniel Sander (Dani pra gente), vem construindo uma sólida (e rápida) trajetória. Ele despontou no streaming há cerca de um ano com uma faixa composta para ajudar na própria insônia, agravada pela insegurança trazida pela pandemia. Depois, evoluiu para uma playlist lofi sleep, lofi rain, que foi conquistando ouvintes pelo mundo, organicamente. E o crescimento foi tão grande, que ele se tornou um dos curadores referência do gênero no Brasil e agora lança um selo próprio: o Sleep Tales, que nasceu no dia 4 de outubro. Junto com o selo, veio a surpresa: uma rádio 24/7 no YouTube.

Tenho muita insônia e faço a curadoria a partir dos meus critérios. Acredito que a playlist estourou por ser pensada para facilitar o sono. Nisso, acabei criando um subgênero do lo-fi. O selo e a rádio serão focados em músicas para dormir“, conta o Dani.

A playlist, rapidamente, caiu no gosto popular e hoje, menos de 1 ano depois, já está entre as top 5 do nicho no mundo, com cerca de 18 mil ouvintes diários e com mais de 200 mil seguidores – e esse número segue em crescimento acelerado. Pudera! O lo-fi foi recentemente apontado pelo “YouTube – Arts and Culture Report 2021” como uma das tendências do mundo para 2022, assim como a rádio non stop. O Sleep Tales promete.

 

Semana nova, playlist nova, e milhões de streams

Já é rotina: toda segunda-feira, Daniel renova a playlist. São cerca de 100 músicas novas, num esquema de rodízio. Nesse dia ele também realiza uma badalada live na comunidade que mantém num aplicativo, para fazer o review do som dos artistas que mandaram faixas cobiçando entrar na playlist, além dos singles lançados por ele, que agora saem com a assinatura do selo.

Isso faz com que os ouvintes voltem muitas vezes, na certeza de sempre encontrar novidades do subgênero e uma sequência diferente, com uma curadoria de qualidade, que não é feita por algoritmo“, explica Daniel.

Esse ano, ele já lançou álbuns de artistas sortidos sob o nome colours in the dark, como Bedtime Beats e a Broken Heartbeats – esta obteve mais de 4 milhões de streams no primeiro mês. A estrutura do setlist é bem encadeada: abre mais triste, alinhando com provável estado emocional de quem procura esse som, e, aos poucos, vai provocando um relaxamento e imprimindo uma energia mais alegre, para conduzir o ouvinte a esse clima, já perto do final.

Trilogia de lançamentos do Sleep Tales

O primeiro lançamento oficial do selo será no próximo dia 11: O EP “Sleepwalking”, do Kainbeats, com 4 inéditas. Um dos maiores artistas de lo-fi da cena, Kainbeats mora nos Estados Unidos e possui quase 1.700.000 ouvintes mensais.

No dia 25 de outubro, será a vez do EP “Still Dreaming”, do brasileiro Ricardo Schneider, em colaboração com o italiano Lenny Loops – também com 4 faixas. Para fechar a trilogia, haverá a estreia em disco do jovem Atlis, do Reino Unido. “Dreamscape” virá com 7 músicas no dia 1 de novembro, depois da chegada do single duplo “Drifter” / “Free Fall” em 18 de outubro.

Em números, o Sleep Tales é o maior selo de lo-fi da América Latina e o quarto maior do mundo“, quantifica Daniel. Ele foi um dos entrevistados do documentário “Lo-fi Hip hop: Beats & Sentimentos“, dirigido por por Gustavo de Castro e Murilo Cunha. Lançado em julho último, o filme trata da expansão do lo-fi hip hop no país do samba e da bossa nova, revelando quem faz, como, quem ouve e qual é o valor dessa música para o seu público.

De baixa fidelidade a uma estética moderna

O lo-fi (abreviação de low-fidelity, ou seja, baixa qualidade) nasceu como uma música em que se opta esteticamente por deixar audíveis as imperfeições da gravação ou performance. Nos anos 90, passou a ser reconhecido como um estilo de música popular no esquema faça-você-mesmo, sem a colaboração de especialistas.

O rótulo de “músicos de quarto” se ampliou no final da década 00, na medida em que se modernizaram as estações de trabalho de áudio digital. No último ano e meio, o gênero viu o seu público se multiplicar.

É isso! Nós da Rádio Graviola só temos uma coisa a dizer: VOA DANI!!!