O golpe de 1964 completa 60 anos e Instituto Augusto Boal recria “Show Opinião”

por José de Holanda

O golpe civil-militar de 1964 completa 60 anos e o Instituto Augusto Boal faz uma livre interpretação do emblemático “Show Opinião”, espetáculo idealizado e dirigido por Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido. “Pega, Mata e Come: 60 anos de Opinião” ocupa o teatro do Sesc Vila Mariana nos dias 04 e 05 de abril, com um elenco de peso da nova música brasileira.

O Show Opinião marcou a história da arte brasileira ao propor uma nova forma de relacionar música, teatro e política, em uma performance-protesto contra o golpe, que influenciou gerações de artistas interessados em refletir sobre a realidade social brasileira. Na montagem original, o elenco contava com João do Vale, Zé Keti e Nara Leão (posteriormente substituída por Maria Bethânia), que apresentavam em cena suas histórias de vida, e, através de textos e canções, conectavam-nas com os problemas políticos e sociais que atravessavam o Brasil daquele momento (e que, infelizmente, se perpetuam até hoje), como o êxodo rural, a desigualdade social, o imperialismo, a pobreza, o machismo, a falta de perspectiva do trabalho artístico na indústria fonográfica, aliados aos sonhos de liberdade e transformação da juventude da década de 1960.

60 anos de Opinião
por José de Holanda

“A ideia é recuperar a obra dirigida por Augusto Boal para relembrá-la, para não esquecê-la, para criar a partir dela um novo show que provoque sentidos e sentimentos”, diz Paulo Tó, diretor musical e parte do elenco.

Sob direção de Jé Oliveira e dramaturgia de Mariana Mayor e Julian Boal. O elenco é composto por Xis, Ellen Oléria, Paulo Tó, Xeina Barros, Alessandra Leão, com participação especial de Cecília Boal, viúva de Augusto Boal. A nova montagem propõe uma releitura criativa da versão original e traz parte de seu repertório, formado por canções emblemáticas, como o samba “Opinião”, de Zé Keti, ou “Carcará”, de João do Vale, mas também incorpora linguagens artísticas contemporâneas e traz para o centro do palco questões sociais, estéticas e políticas atuais, que trazem novos sentidos para o show de 1964.

Ficha Técnica:

Direção cênica: Jé Oliveira
Direção Musical: Paulo Tó
Dramaturgia: Julian Boal e Mariana Mayor

Artistas: Ellen Oléria, Xis, Alessandra Leão, Paulo Tó e Xeina Barros
Músicos: Marcelo Cabral, Thiago Sonho, Lua Bernardo e Rodrigo Caçapa
Projeções: Bianca Turner
Light Design: Bianca Turner
Figurino e direção de arte: Éder Lopes
Som: Caio Alarcon e Alexandre Vianna
Produção executiva: Érika Rocha e Paulo Tó

Serviço:
Show “Pega, Mata e Come: 60 anos de Opinião”
Dias: 4 e 5 de abril
Quinta e Sexta às 21h
Teatro – Sesc Vila Mariana
Autoclassificação: 12 anos