Por Babi Turcato
A nova praça pública é digital!
O palco ainda existe. O rádio ainda toca. O show ainda é sagrado.
Mas a real praça pública da cultura hoje são as redes sociais. É onde o novo acontece, onde o barulho vira tendência e onde o silêncio é esquecimento.
Não dá mais para o artista viver apenas no estúdio esperando que a arte fale por si. O que fala hoje é a narrativa que envolve essa arte e essa narrativa se desenrola diariamente em reels, tweets, stories, posts e comentários. Negar as redes é como cantar para uma plateia sem som, esperando aplauso.
O ouvinte está ali, presente, scrollando, sentindo, vivendo… e o artista que ignora isso, não está sendo “autêntico” — está sendo ausente. A arte não perde força ao entrar na internet. Ela só muda de formato, de fluxo, de tempo. E o artista que compreende essa mudança, se adapta sem se perder.
Falar a língua do seu ouvinte vai além de aderir a trends. A tentação de “viralizar” é real. Mas não é sobre fazer o que está em alta. É sobre entender o que emociona, conecta e representa quem te ouve. Falar a língua do seu ouvinte significa: Entender a cultura digital dele: os memes que ele compartilha, as dores que ele expõe, os símbolos com que ele se identifica. Decodificar o comportamento emocional da timeline: o que prende atenção, o que emociona, o que gera replay e o que gera unfollow. Traduzir sua identidade artística em formatos nativos das redes, sem se corromper.
Não é “se vender”. É se traduzir.
E todo artista que se traduz bem é compreendido, lembrado, e amado. Quem se comunica bem, constrói carreira longeva. O artista que cria conteúdo não está se diminuindo. Está se expandindo. A comunicação é o que transforma talento em carreira.
A música pode ser boa, a estética pode estar incrível, o investimento pode existir — mas se não há narrativa, não há vínculo. E sem vínculo, o play vira ruído. O artista que se comunica bem consegue: gerar desejo antes do lançamento, manter conversa entre os lançamentos, educar o público sobre sua estética, proposta e valores e envolver a audiência na construção da jornada. É por isso que hoje os maiores nomes do mercado não são apenas “cantores” — são comunicadores de si mesmos. Eles transformam o “quem canta?” em “quem é essa pessoa que canta isso que me atravessa tanto?”.
O palco mudou. A comunicação também.
Se antes o artista dependia da mídia tradicional para alcançar o público, hoje ele tem a chance de construir seu próprio canal, sua própria linguagem, sua própria comunidade.
Mas isso exige responsabilidade, presença e estudo.
A rede é território. Quem ocupa, cresce. Quem evita, desaparece.
Você pode ter o melhor som, o melhor visual, a melhor equipe.
Mas se você não souber se comunicar, vai viver eternamente tentando explicar aquilo que nunca foi apresentado com clareza.
A arte que você cria merece mais do que silêncio digital.
Ela merece ser sentida, entendida, compartilhada. E o primeiro passo pra isso é simples, mas profundo: estar disposto a aprender a falar com quem te escuta.
Por que entender a linguagem das redes é entender seu próprio público.