Trio Mocotó volta aos palcos depois de um hiato de 14 anos

Trio Mocoto
Foto: Zé de Holanda

A volta dos que não foram! Trocadilhos à parte, a volta do Trio Mocotó aos palcos depois de 14 anos sem se apresentar é uma novidade e tanto. Mas não é verdade que o Trio andava sumido, muito pelo contrário, os sucessos do grupo figuram as principais playlists de música brasileira em plataformas de áudio e DJ sets, quando a intenção é fazer o corpo da galera balançar.

Mas, claro, a oportunidade de apreciar as lendas vivas do samba rock, ao vivo e a cores, é imperdível! Quem estiver por São Paulo, vai ter a chance de conferir as apresentações, que acontecem nos dias 26 e 27, no Sesc Pompeia, 01 de fevereiro no Sesc Piracicaba e 09 de fevereiro no Sesc Jundiaí.

Os mestres do Trio Mocotó, João Parahyba, Nereu e Fritz (substituído, em 2003, por Skowa) são personagens fundamentais na história da black music brasileira da década de 1970. Criadores de uma fusão única de samba, funk e soul, eles conquistaram um lugar especial no coração dos amantes do groove no Brasil e no mundo. Para as apresentações, o Trio Mocotó traz toda sua energia e suingue para cantar alguns dos maiores sucessos de seus mais de 50 anos de carreira, registrados em cinco álbuns e diversos compactos. Entre os lançamentos da primeira fase, estão os álbuns “Muita Zorra” (1971), “Trio Mocotó” (1973 – com o inconfundível desenho de Albery) e “Trio Mocotó” (1975), do hit Não Adianta.

Depois de mais de 20 anos de pausa na carreira, em 2001, o grupo voltou e lançou o álbum “Samba Rock”. Em 2004, já com Skowa na formação, lançou “Beleza, Beleza, Beleza!” e excursionou pelo Brasil e pela Europa, com passagens em alguns dos mais importantes festivais como Glastonbury e Les Eurockéennes.

Com sua mistura única de samba, blues, jazz e rock, o grupo vai apresentar as músicas mais marcantes da sua carreira, acompanhado de Marcos Romera nos teclados, Giba Pinto no contrabaixo, Janja Gomes no violão e Vitão Momento na percussão. O repertório inclui os sucessos Coqueiro Verde (Roberto e Erasmo Carlos), Kriola, Voltei Amor, Orixás e Não Adianta, entre outras.

O início do Trio Mocotó

O Trio Mocotó foi formado em 1968, na Boate Jogral, em São Paulo, onde Fritz Escovão, João Parahyba e Nereu Gargalo trabalhavam como banda de apoio contratada da casa. Na época, a boate era o grande ponto de encontro da música brasileira e os três tocaram com nomes como Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Cartola, Jorge Ben, Wilson Simonal, além das históricas “canjas” com artistas estrangeiros como Tommy Flanagan, Duke Ellington, Oscar Peterson, Earl Hines, Jon Carter, Michel Legrand e Dizzy Gillespie, com quem o Trio gravou o disco “Dizzy Gillespie no Brasil com Trio Mocotó”, em 1974. Na época, o projeto foi abortado por Dizzy, mas retomado, em 2008, pelo selo Biscoito Fino, que editou o material e lançou no ano de 2010.  Você pode conferir aqui:

Algumas gravações históricas do Trio Mocotó:

Coqueiro Verde edição do Jornal O Pasquim – Com o sucesso do single nas rádios, os jornalistas do icônico semanário capitaneado por Henfil, Jaguar e Tarso de Castro lançaram uma edição especial encartada no jornal com uma versão que intercalava a gravação original com trechos da entrevista da Leila Diniz.

País Tropical e Charles Anjo 45 – Logo no começo da carreira o Mocotó deixou sua marca acompanhando Jorge Benjor em algumas das suas gravações mais clássicas no disco Jorge Ben de 1969.

Que Maravilha com Benjor e Toquinho – Em outro clássico da MPB e a primeira parceria de Toquinho e Jorge. No lado B do compacto Carolina Carol Bela que acabou se tornando conhecida internacionalmente no remix da dupla DJ Marky e XRS em 2002.

Toquinho e Vinicius 1971 – No primeiro disco da dupla também é Mocotó do começo ao fim, com destaque para Testamento, O Velho e a Flor e O Canto de Oxum. Além desse disco o trio acompanhou a dupla em Regra Três e A Tonga da Mironga do Kabuletê e em diversas apresentações do show Encontro com Marilia Medalha.

Samba de Orly – No disco Construção, na volta de Chico Buarque ao país, o Mocotó abre a música com uma batida funkeada anos à frente de seu tempo, juntamente com Toquinho no violão e Claudio Bertrame no contrabaixo.

Força Bruta – No disco de Jorge Benjor de 1971, Mocotó e Benjor gravaram as bases todas em uma noite de gravação, tal era a simbiose entre o artista e o trio. Destaque para Oba Lá Vem Ela e O Telefone.

Jubiabá – Uma pérola pouco conhecida do disco Batuque na Cozinha de Martinho da Vila, com o trio e Rosinha de Valença acompanhando o compositor.