Mulheres que Fizeram a diferença: Nise da Silveira

Médica e Psiquiatra Pioneira na Psicoterapia Ocupacional

Nise da Silveira nasceu em 15 de fevereiro de 1905 em Maceió (AL), filha do professor de matemática Faustino Magalhães e da pianista Maria Lídia da Silveira. Estudiosa. Aos 16 anos entrou na Faculdade de Medicina da Bahia e concluiu o curso aos 21 anos. Em seguida volta a Maceió por um breve período, pois, com a morte prematura do pai, decidiu ir para o Rio de Janeiro (1927) onde estabeleceu suas raízes intelectuais e profissionais participando dos meios artísticos e literários e frequentando ativamente os círculos marxistas .

Em 1932 estagiou na famosa clínica neurológica do Dr. Antônio Austregésilo, o Pioneiro da Neurologia no Brasil, e em 1933 entrou para o serviço público, no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental, na Praia Vermelha, pertencente da antiga Divisão de Saúde Mental, onde trabalhou como psiquiatra, interessada em novos métodos para tratar a esquizofrenia. Na agitação política dos anos 1930, foi denunciada como comunista e presa por 16 meses na Casa de Detenção da rua Frei Caneca, onde conheceu Graciliano Ramos, que a descreve “… lamentei ver a minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do hospital, dos seus queridos loucos. Sabia-se culta e boa. Rachel de Queiroz me afirmara a grandeza moral daquela pessoinha tímida, sempre a esquivar-se, a reduzir-se, como a escusar-se a tomar espaço. O marido também era médico, era o meu velho conhecido Mário Magalhães. Pedi notícias dele: estava em liberdade. E calei-me, num vivo constrangimento.” (Memórias do Cárcere).

Com a anistia em 1946, Nise foi reintegrada ao serviço público lotada no Centro Psiquiátrico Pedro II, (Engenho de Dentro, RJ). Por discordar dos tratamentos tradicionais, foi transferida para a Seção de Terapia Ocupacional, que se resumia a tarefas de limpeza e manutenção do hospital. Lá revolucionou o tratamento clínico dos pacientes criando ateliês de pintura e modelagem. Seu trabalho pioneiro de pesquisa sobre o tratamento da doença mental através da arte-terapia foi reconhecido internacionalmente. A produção artística dos internos foi reunida no Museu de Imagens do Inconsciente, fundado por ela em 1952.

Alguns dos artistas revelados pelo trabalho da Dra. Nise alcançaram renome internacional. Sua vidra e obra inspiraram muitos trabalhos entre os quais com o filme” Nise – Coração da Loucura”, de Roberto Berliner estrelado por Gloria Pires que ganharam os premios de melhor filme e melhor atriz no Festival de Cinema de Tóquio de 2015. Hoje em dia a terapia ocupacional é uma abordagem em psiquiatria completamente aceita pelos meios médicos.

A grande abrangência da carreira de Nise não pode ser apresentada nesta pequena crônica e recomendo ao leitor que a complemente com a leitura das fontes citadas, em particular o artigo Nise da Silveira: imagens do inconsciente entre psicologia, arte e política, de João A. Frayze-Pereira (1) e Vida e obra de Nise da Silveira Fernando Portela Câmara (2). Ela faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 30 de outubro de 1999.

Fontes:

(1)Nise da Silveira: imagens do inconsciente entre psicologia, arte e política; Frayze-Pereira Estud. av. vol.17 no.49 São Paulo Sept./Dec. 200, em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300012(2)Vida e obra de Nise da Silveira, Fernando Portela Câmara,,Psychietry on line, Brasil , em http://www.polbr.med.br/ano02/wal0902.php
(3) Nise da Silveira, em http://www.canalciencia.ibict.br/notaveis/nise_da_silveira.html
(4) Pioneiras da ciência do Brasil, em http://cnpq.br/pioneiras-da-ciencia-do-brasil

 

 

Texto por Yvonne Primerano Mascarenhas:
A pesquisa sobre ‘Mulheres que Fizeram a Diferença‘ conta com o valioso trabalho de Yvonne Primerano Mascarenhas, cientista e pesquisadora, que desde 2013 dedica-se a resgatar e registrar as histórias de mulheres pioneiras e revolucionárias em diversas áreas. Sua dedicação em trazer à tona narrativas de resistência, coragem e transformação é fundamental para a construção de um legado que inspira gerações. Aos 93 anos, Yvonne continua a contribuir de forma significativa para a preservação da memória e da luta feminina. Yvonne faz parte das colunistas da Hora do Sabbat

 

 

 

 

 

 

 

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